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O Reino do Kongo

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Na região do terceiro grande rio do continente, o rio Congo (ou Zaire), também se desenvolveram diversas sociedades com Estados centralizados. A ocupação dessa região por povos que trabalhavam o ferro e praticavam a agricultura e a pesca é muito antiga, datando do início da era cristã ou mesmo antes. Esses povos faziam parte de um grande grupo linguístico, os Bantu, e saíram há mais de 2,5 mil anos da região entre os atuais Camarões e Nigéria em direção ao sul, ocupando hoje toda a porção central e sul do continente africano.

A história dessa ocupação é baseada na guerra, mas também na expansão da tecnologia, principalmente a do uso do ferro: os povos submetidos aprendiam a fazer instrumentos de ferro para serem usados na agricultura, na caça, na pesca e na guerra. Em troca, tinham que pagar impostos.

Foi provavelmente assim que começou a história do Reino do Kongo, quando no fim do século  XIV, um grupo de estrangeiros dominou os povos que viviam ao sul da foz do rio Congo, estabelecendo ali um reinado, cuja capital se chamava Mbanza Kongo. Os impostos pagos ao rei pelos agricultores das aldeias e o comércio geraram uma riqueza que sustenta o luxo da corte real e que tornou a vida econômica da região muito dinâmica: comerciava-se sal, tecidos, metais, azeite de dendê, animais. Pequenas conchas, do tipo búzio, serviam de moeda. Os povos do Reino do Kongo as importavam da ilha de Luanda, mais ao sul, que hoje é a capital de Angola.

Nas aldeias, porém, o poder era exercido pelo chefe das famílias mais importantes. Acreditava-se que o chefe podia se comunicar com os ancestrais da família. Daí vinha seu poder, já que os ancestrais eram considerados responsáveis pela prosperidade da aldeia. A fertilidade da terra, dos animais e até das mulheres dependia das bênçãos dos ancestrais. Mas, para isso, os homens deveriam apresentar oferendas a eles. A relação com o mundo dos antepassados era fundamental para garantir a própria existência do povo do Reino do Kongo, os Bakongo.

Alguns símbolos dos Bakongo estavam relacionados aos ancestrais, como a cor branca e o próprio oceano, visto como a morada dos mortos. Além disso, a cruz era para eles um símbolo de passagem, uma espécie de encruzilhada entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Imagine  então o que pensaram  os Bakongo quando, em 1483, viram chegando pelo oceano, em embarcações que para eles eram estranhíssimas, homens brancos, e além de tudo segurando uma cruz.

Eram os navegadores portugueses, liderados por Diogo Cão. Eles chegavam à foz do rio Zaire, explorando a costa africana em busca de riquezas e com o objetivo de expandir o domínio de Portugal e da fé cristã pelo mundo. Mas,  para os Bakongo, os portugueses não poderiam ser nada além de ancestrais que saíram do fundo do mar para ensinar-lhes novos costumes e trazer novos tipos de mercadorias, instrumentos e armas.

Provavelmente por causa desse engano o rei do Kongo e a nobreza logo se converteram ao catolicismo, trataram de aprender a falar, ler e escrever em português e até mandaram embaixadores carregados de presentes aos navios que voltariam a Portugal destinados ao rei daquele país. Quando voltaram ao Kongo, os portugueses  continuaram encontrando boa vontade por parte dos Bakongo e puderam construir igrejas na Capital Mbanza Kongo, além de negociar nos mercados. Mas logo começaram a fazer aquilo que se tornaria o mais lucrativo de todos os comércio, o tráfico de escravos. Em meados do século XVI, o rei do Kongo, batizado de Afonso I, escreveu uma carta ao rei de Portugal reclamando dos abusos que estavam sendo cometidos pelos traficantes de escravos, que capturaram até mesmo membros da família real.

A partir daí os Bakongo começaram a se dar conta de que aqueles homens não eram seus antepassados que haviam voltado. Quando perceberam que o interesse dos portugueses era o lucro com o comércio de escravos, já era tarde: o poder do rei já havia se desorganizado e ele perdera parte do controle sobre a arrecadação de impostos. Muitos chefes já haviam se rebelado contra seu domínio, fazendo alianças diretamente com os portugueses. Intensas lutas pelo poder tiveram início, e a estabilidade do reino começou a ruir.

O reino foi invadido por povos inimigos em 1568 e não conseguiu se reerguer até 1641, quando subiu ao trono um monarca que passou a combater os portugueses. Em 1665, porém, os Bakongo foram derrotados pelos portugueses (apoiados pelos guerreiros do povo Imbangala) na batalha de Ambuíla. Depois disso, o Reino do Kongo entraria em decadência política e econômica.

Apesar de até hoje haver um rei do Kongo, que representa uma chefia local dentro do Estado angolano (assim como muitas outras chefias tradicionais que continuam a existir dentro dos modernos Estados africanos), ele nunca mais teve a autonomia que  possuía antes da chegada dos portugueses. Os Bakongo, porém, nunca deixaram de se ver como um povo com história, tradições e cultura próprias, alimentadas pelos valores e visão de mundo peculiares a esse povo, que se evidencia na rica tradição nas artes plásticas e nas narrativas orais.

Nelson Piletti. Claudino Piletti. História e vida integrada. ensino fundamental.

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